Tuesday, November 15, 2005

Perolas do Publico

Pérolas do Público

O jornal do José Manuel Fernandes, jornal de referência nacional, não para de nos surpreender pela profundidade e justeza das suas análises.

No Editorial do Público de hoje, 15 de Novembro, JMF depois de referir 3 casos do quotidiano de europeus de regiões diferentes e que julgo tomar como representativos dessas mesmas regiões, serve-se do último relatório do Europeu

André Sapir no seu mais recente relatório para os ministros das Finanças da União Europeia sobre o futuro do modelo social europeu

Para mostrar que há

quatro modelos sociais na Europa: o nórdico, o anglo-saxão, o continental e o mediterrânico.

Não sei de que região é o Sr André Sapir mas não me parece ser necessário ir recorrer a um Senhor da Europa (será esta uma região diferente das outras? Uma supra-região? Uma região dotada de homens especiais?) para saber que isto é assim: do Norte para o Sul, as coisas vão sempre a piorar. Talvez os ministros da Finanças não saibam....

JMF promete-nos que vai voltar a estes modelos mas para já deixa-nos com um aviso: O nosso modelo,

o mediterrânico (o nosso e de Roma...), nem é equitativo, nem eficiente. Um e outro são insustentáveis.Daí que tenhamos de mudar de vida (e de modelo, com tudo o que isso implica) ou de mudar de país (imigrando, como sempre fizemos, só que agora as portas abrem-se sobretudo para os melhores de nós, o que é ainda mais trágico para os que cá vão ficando). Se acreditarmos que ainda existimos como nação, o melhor seria mudar de vida

Ou somos bons e nos mudamos para os países do Norte (onde, com algum esforço, podemos incluir o Reino Unido, para podermos usar uma das histórias: a história de uma portuguesa (dos melhores) que se doutorou em Londre e por lá teve que ficar), ou somos bons e ficamos cá porque a tragédia é mediterrânica (é grega) ou não somos bons e, para castigo, ficamos mortos em terras solarentas.
O modelo a desejar é o que nos é dado pelo casal de Nórdicos:
F. ensina numa universidade da Noruega, país que possui um dos mais elevados rendimentos per capita do mundo. O marido não é licenciado e tem um emprego banal, mas também bem pago. Este ano estiveram de férias num país do Sul e, apesar do seu poder de compra, viajavam com mochilas, utilizaram os transportes públicos mas não deixaram de visitar museus ou de percorrer a pé montes e vales que os portugueses mal conhecem.  

Só não percebo porque cá vêm ao Sul. Amor à Antropologia ou à Arqueologia? Não vêm é ver pessoas porque não as reconhecem. O Sampaio terá razão quanto à nossa vocação turística cultural e histórica? E quem terá feito museus, como os de Roma? Ineficazes...E o que interessam os museus aos Ministros das Finanças senão puderem servir a Economia?

O David Justino sociólogo

Na Pública de Sábado, 13 de Novembro, o da procissão em Lisboa, transmitida em directo pela TV, vem uma entrevista com David Justino, sociólogo, para falar dos subúrbio. Tudo por causa da França, já se vê
Ficamos a saber que,

Existem muitas mais diferenças do que semelhanças entre os subúrbios de Paris e os bairros de realojamento em torno de Lisboa, diz o sociólogo David Justino, que contudo não descarta o que chama de efeito de contágio. O ex-ministro da Educação está convicto que as instâncias de mediação, os conselhos para as minorias éticas, levam sobretudo a que se institua a descriminação.

E também que, embora nos devamos preocupar, a realidade francesa e portuguesa é muito diferente. Diz David Justino,

São realidades muito diferentes. A maior parte dos novos bairros que foram construídos ao abrigo do Programa Especial de Realojamento (PER), de 1993 para cá, têm características completamente diferentes na sua configuração, na sua dimensão e até nas características arquitectónicas. Tirando um caso ou outro na cidade de Lisboa, como Chelas, não existem em Portugal aquelas grandes concentrações. Depois há, sobretudo, a diferença nas pessoas. A origem dos fluxos migratórios para Portugal, a sua composição, são muito diferentes daquilo que se verificou em França. Nos bairros sociais em Portugal não existe um peso significativo de população de religião muçulmana. Uma parte da população realojada é católica, fala português e portanto não tem processos de aculturação muito difíceis. Embora exista, como é natural, uma identificação étnica.

Já suspeitávamos que a violência está no sangue – nos genes ? – dos mulçumanos. Nos católicos não. Mas não sabíamos que jovens nascidos em França não falam francês!!! Por isso não se entendem, nem David Justino sabe o que diz, porque não sabe o que dizem.
Fica ainda por desvendar esse mistério que é a identificação étnica...